sexta-feira, 29 de março de 2013

"A voz do anjo sussurrou no meu ouvido..."

Já perceberam como tem músicas que a gente canta como uma oração? Música que toca bem lá dentro da alma. Mexe com a cabeça da gente, inquieta o espírito, acelera o coração. Um frenesi ritmizado, um delírio. A gente canta mais com a voz da alma, do que com a própria voz. A gente canta de olhos fechados e mãos voltadas para o céu (se você pensou naquele swing que faz a galera levantar o copo e colocar o dedinho pra cima, se mate). A gente sente mais a música do que ouve... 

Chega a ser um sentimento doloroso algumas vezes. Quase uma súplica, com sobrancelha franzida e tudo. Mas uma súplica da alma, não do corpo! É a alma dando seu grito silencioso por liberdade, que só o coração escuta. 

O primeiro sinal é a vontade de fechar os olhos, querer se desligar de tudo (fones de ouvido ajudam nessas horas). Você passa a querer ouvir (e sentir) apenas a melodia. Procura reconhecer a vibração de cada instrumento. O balanço é lento, mesmo que a batida seja rápida, mas você não foge do ritmo. A alma se inquieta, mas o corpo se acalma. Aí, você levanta os braços, como se tentasse captar alguma coisa do céu. Como se estivesse recebendo a energia suplicada, enquanto a oração vai sendo entoada... Que sensação! Não sei se quem compõe faz tudo de caso pensado. Ou se simplesmente tem o dom de criar esse êxtase naturalmente em quem ouve. Mas essas músicas chegam no metafísico, no alter-ego, no transcendental...

Eu não lembro a primeira vez que senti isso. Mas lembro das músicas que me fazem sentir... A do título, "Anunciação" de Alceu Valença, é uma delas. Assim como "White Blank Page" de Mumford & Sons, "Why Does My Heart Feel So Bad?" de Moby, "She's Madonna" de Robbie Williams, "Quem Sabe" de Los Hermanos, tantas e tantas músicas de Coldplay, "Supermassive Black Hole" de Muse, "You've Got The Love" de Florence And The Machine, "Holiday" de Scorpions, "Snow" de RHCP, os solos de Dire Straits, de White Stripes, de Carlos Santana... 

Eu poderia passar o dia citando músicas aqui! Mas, além de cansativo, talvez nem todos conseguissem sentir o mesmo que eu sinto. Então, não adiantaria. As músicas têm efeitos diferentes em cada pessoa, porque cada um tem uma inquietação própria na alma, uma dor organizada num sentimento bagunçado, uma súplica única... Se quiserem fazer o teste, escutem essas que citei e citem as suas para que eu escute também! Não garanto que sintam o mesmo que eu, nem garanto que sentirei o mesmo que vocês. Mas, ao menos teremos compartilhado boas músicas! Rsrs.

terça-feira, 26 de março de 2013

Liberdade: um sonho


Liberdade é ter direito de escolha. Escolher o que lhe convém, o que lhe satisfaz, o que lhe preenche... Até Deus concedeu ao homem o livre arbítrio. Mas a sociedade NÃO concede. Eu vivo presa numa armadilha ideológica. As grades de medo corrompem mais que o ferro. As paredes de opressão silenciam mais que o concreto. E o piso é sustentado por uma base rígida: a hierarquia

Pra que eu construo meus próprios valores, se me obrigam a absorver valores alheios aos meus? Pra que eu estudo, se me limitam? Pra que eu desenvolvo minha opinião, se me silenciam quando eu quero expressá-la?  Pra que eu vivo, se eles só querem que eu exista? Pra que serve minha veia política, se não permitem que o sangue flua nela?

Eu vivo numa ditadura disfarçada de democracia. Minhas vontades, minhas convicções e meus ideais são secundários em qualquer esfera social. A hierarquia não me permite a livre escolha. Sou um produto da sociedade e devo fazer jus à minha condição de mero produto e agir exatamente como determinaram no rótulo da minha embalagem. A ordem é acionar os freios, e não guiar a condução; calar a voz, e não ensaiar o canto; "cortar as asas, e não orientar o vôo". 

Que tirem os professores da sala, os livros das estantes e o conhecimento da pauta, então! Porque, enquanto eu tiver consciência da existência de tudo que me rodeia, vou lutar contra essa alienação. Se eu tenho a capacidade de movimentar minha cabeça para os lados em discordância, é porque não fui feita apenas para assentir. O comodismo passa longe das minhas pretensões. Como eu costumo dizer: não quero me mudar do Brasil, quero mudar o Brasil! 
"Ignorar os fatos não os altera."

terça-feira, 19 de março de 2013

Sobre o amor


Esses dias, me peguei definindo o amor pra mim mesma... Antes de tudo, eu não estou apaixonada. Pelo menos, não da maneira como se imagina que alguém esteja quando escolhe um tema como esse para abordar. Chega a ser contraditório, eu sei, falar sobre amor sem pensar no objeto desse amor. Mas, o próprio amor é contraditório. Então, minha contradição deve ser perdoada. 

O amor é o sentimento mais lindo que eu conheço! Não existe sensação melhor do que a de estar com o coração preenchido! É maravilhoso ter um sentimento como esse pra alimentar. O coração bate mais rápido, o sangue flui mais facilmente, a cabeça tá sempre ocupada com pensamentos felizes, as músicas ganham um sentido diferente... Nossa mente se transforma no lugar mais aconchegante do mundo e a gente passa a querer estar nela 24h. Não é à toa que dizem que uma pessoa apaixonada fica dispersa. É que seus próprios pensamentos se tornam tão convidativos, que passam a ser seu único foco de atenção. Assim, a gente passa a dedicar horas e mais horas planejando cenas, criando expectativas, idealizando o futuro... Como é sublime!

Podem discordar de mim e levantar 1001 argumentos sobre a dependência da reciprocidade para que o amor seja tão saudável assim. Mas, não vão mudar minha opinião. O amor enquanto amor não precisa de reciprocidade. A gente ama porque ama, não porque o outro ama. Essa é a essência desse sentimento! 

O grande problema de todo mundo é superestimar mais o objeto do amor do que o próprio amor. Ter esse objeto se torna mais importante do que simplesmente amar. Ao invés de esperar que o amor seja eterno, a gente espera a eternidade da pessoa amada. Talvez seja esse o motivo da tristeza quando perdemos alguém... O sentimento continua no peito, mas a pessoa não está mais ao lado. 

Isso não muda a beleza do amor, mas faz com que deixemos de alimentá-lo. Aí, ele enfraquece e morre... O coração, antes preenchido, fica vazio e os pensamentos tão convidativos passam a ser reprimidos e considerados dolorosos. A dor é pela perda, não pela falta de amor. Esse é o risco que corre quem ESTÁ apaixonado. Um risco que eu não corro mais, desde que percebi que eu SOU apaixonada! Vivo numa relação quase como uma função metalinguística: o objeto do meu amor é o próprio amor. Sou apaixonada pelo amor e dedico a ele esse texto. Beijos.

domingo, 3 de março de 2013

D'a falta de paciência


Tava fazendo uma análise sobre mim e percebi que não sou tão paciente quanto afirmo ser... Pra terem uma idéia, eu não assisto à televisão, porque não suporto aqueles intervalos malditos, que serram a programação em blocos. Não existe nada mais chato do que, no ápice do suspense, da euforia e do interesse, ouvir a vinheta e ler o clássico “estamos apresentando”. VISH! Daí até o “voltamos a apresentar”, o tempo se protela como uma eternidade... (bocejo) É a maneira perspicaz que a mídia encontrou para manipular o consumo e manter seu império de pé.

Mas, definitivamente, a parte mais insuportável na programação são as novelas! Além de terem seus intervalos nos momentos mais inquietantes da trama, as novelas mantêm SEMPRE um mesmo enredo irritante: mocinho e mocinha se descobrem apaixonados; o vilão surge, cria o conflito e separa o casal; na sequência, o vilão aprofunda o conflito; todos sofrem; o vilão se dá mal e se arrepende; todos se perdoam; todos terminam felizes, apaixonados e com crianças figurantes à tiracolo. A única variação costuma ser o destino do vilão que, ao invés de se arrepender, pode sucumbir na sua própria maldade. É algo tão previsível, que eu não consigo entender como AINDA tem feito sucesso... E o pior é ver que os mocinhos sempre seguem o script do vilão, fazendo tudo completamente diferente do que qualquer pessoa normal faria na “vida real”.

Por sorte, pra tentar sanar esse mal, criaram as séries de TV. Uma versão diversificada de novela, que tem temporadas, mas, diferente de Malhação, tem fim. É algo um tanto mais criativo e sofisticado (exceto as versões brasileiras dessas séries), com variações maiores de enredo, mas com episódios espaçados por um tempo muito mais comprido; o que faz parecer com aquelas aulas do Fundamental em que a professora começava um filme na aula de Ensino Religioso e só conseguia concluí-lo depois de quatro semanas de exibição. A vantagem é poder fazer download e assistir às séries sem intervalos, mas com o mesmo desconforto de um filme MUITO extenso.

E, por falar em filmes... Eu adoro assistir! Mas, com a condição de permanecer com o controle remoto em mãos, para poder adiantar as compridas cenas que atrasam seu “The End”. Rsrsrs... Dá pra imaginar, então, que cinema, pra mim, é uma tortura, né?! Mas, dependendo da companhia (ou da qualidade do 3D), costuma ser uma tortura agradável! Parece que o mundo para dentro da sala de cinema. Quando as luzes vão se apagando, a sala vai se desconectando do exterior... Nunca assisti a um filme no cinema que não me fizesse sair de lá com a melhor das impressões sobre ele (e olhe que eu assisti até “Xuxa Requebra” e “Pokémon 2000”, viu?!). Talvez eu não seja uma boa crítica, ou ceda facilmente aos apelos da indústria cinematográfica... Ou talvez os dois. hahahahaha... A verdade é que eu preciso repensar a minha paciência, ou o que realmente vale estimulá-la.