domingo, 27 de novembro de 2022

4am

Não importa a hora. A qualquer minuto do dia, eu sempre estarei escrevendo. Não importa onde, até porque eu escrevo linhas que não serão lidas e que, por isso, não precisam ser encontradas. 

É como fechar os olhos e continuar enxergando o mundo, mas através de outro sentido que não a visão. Penso, então, que talvez a escrita seja, na verdade, o meu sexto (ou sétimo?) sentido. E, assim como eu não posso exigir que uma pessoa sem visão enxergue qualquer coisa que eu queira mostrar, talvez também não possa exigir que qualquer pessoa alcance o que eu escrevo. 

Mas, também talvez, o que mais me faz falta não sejam bem “leitores”, porque, como eu disse, eu escrevo linhas que não precisam ser lidas. O que me faz falta é encontrar outros escritores. Outras pessoas que sentem essa profunda inquietação na alma, porque têm todos os seus sentidos tão aguçados que são também capazes de me fazer sentir através deles… e isso se extravasa até as pontas dos dedos. 

No fundo, acho que todos nascemos com essa habilidade, mas o mundo se faz tão egoisticamente denso que, por vezes, estamos tão submersos procurando fortunas das quais não precisamos, que esquecemos de olhar pra dentro. E quem não olha para dentro de si, nunca será capaz de igualmente olhar para dentro do outro.